Faz tempo que eu venho procurando um ambiente para me refugiar de mim mesmo, das inquietações e provações semanais, e tipicamente os finais de semana são datas oportunas para encontrar amigos e tecer boas conversas, degustando bons drinks. E são nesses ambientes públicos, e isso também inclui a internet, nos demais dias da semana, que tenho refletido - ao perceber através de diálogos e outros comportamentos - sobre a necessidade que os seres humanos tem de serem notados, e a que ponto eles submetem-se para alcançar tal fim.
Além da surpresa, revelo que o óbvio - porém não perceptível aos olhos moldados de muitas pessoas - apresenta-se como assustador. Noto entre as pessoas uma necessidade de aceitação, o que talvez a ciência explique como algo natural, até porque a solidão a partir da interpretação do que nossa cultura demonstra, é o fracasso total, o fundo de algum poço onde nenhum ser humano gostaria de pisar. Todavia, cabe a muitos ''aceitos'' a opção por não aceitar pessoas que estejam de fora de seu círculo social. Exemplo disso é que, as pessoas encontram no vestuário ou diversos meios que a indústria cosmética oferece uma maneira de irem ao encontro do público, e gritarem bem alto - mas em silêncio - ''Alô galera, eu estou aqui e (não) pertenço a tal (is) grupo(s), e não só posso como devo escolher se eu te aceito ou não em meu círculo social! ''. A esses recursos materiais podemos somar outros diversos pré requisitos - muitas vezes sórdidos - buscados por seres humanos para preencherem as exigências necessárias para se enquadrarem no grupo alvejado.
O que quero dizer é que, a busca pela popularidade é uma necessidade - fisiólogica ou psicológica - que leva as pessoas a buscarem essa aceitação e reconhecimento em ''panelinhas'' que formam-se em nossa sociedade, algo que eu poderia chamar de ditadura civil, onde há censura e repressões mútuas entre grupos, unidos por ''semelhanças'' e solidificados - muitas vezes - via intolerância. Não descartando, entretanto, a possibilidade do ser humano conseguir unanimidade para se encaixar em vários grupos, porém as custas de ''vista grossa'' a muita coisa que ele considerava inaceitável. A falsidade é um caminho para popularidade, mas vejam bem, não estou dizendo que tolerância e a simpatia sejam necessariamente precedentes de atitudes impuras, e sim, que dadas as condições, temos que aceitar a intolerância disseminada em alguns grupos em respeito a tolerância que defendemos por idealismo ou apenas como justificativa para esse trânsito livre entre grupos. É aquele velha história, dos males, o menor...
A realidade dos grupos que se formaram, de acordo com a bandeira que vários levantam, ou pela falta delas é um corporativismo detectado desde os primórdios da humanidade, que reflete uma busca pelo reconhecimento e uma fuga da solidão, esteriótipo de fracasso, enquanto, temos a popularidade e aceitação unânime como um esteriótipo de sucesso. Muita falácia ao meu ver. As pessoas buscam uma aceitação - que deveria ser natural - a todo custo, e acabam se auto-enganando em um trajeto permeado por muitas mentiras e contradições.
As pessoas devem prezar por um convívio tolerante, e creio que, quebrar barreiras que criamos ao longo da história para nos diferenciar dos demais seria um bom começo. A diversidade é inerente a sociedade, mas não podemos criar barreiras intransponíveis que nos separam das pessoas pela cor, bens materiais, esteriótipos de beleza, orientações sexuais, opções religiosas - ou não. Essa premissas não devem nos segregar. O convívio harmônico deve ser algo que faça com que entendamos que tornar a diversidade a maior de todas as semelhanças é uma caminho pacífico para inclusão social e combate a preconceitos nojentos sustentados por muitos grupos extremistas.
Todas as vezes ao longo da história que usaram nossas diferenças para legitimar tais grupos, através da perseguição a seres humanos que não enquadravam-se em suas preferências, obtivemos resultados catastróficos. Fazemos parte de uma espécie composta por boas e más diferenças, as boas são aquelas que não afetam a vida de outras pessoas, e as más são aquelas que quando nos encaminham a grupo, buscando uma aceitação, reconhecimento e popularidade, desencadeiam uma cegueira social, vislumbrando apenas uma falsa verdade absoluta, que acabam culminando na perseguição de semelhantes, possuidores de diferenças que devem ser respeitadas.
Devemos, portanto, praticar o amor além das fronteiras criadas entre esses grupos. Antes de mais nada, devemos conviver em harmonia com a nossa solidão e fazer dessa união símbolo de uma tolerância demolidora de muros. Pois, preferências existem e fazem parte da nossa liberdade, e justamente por isso, nossas preferências devem ser livres de imposições, desde que, nossas escolhas não oprimam a liberdade de escolhas das pessoas que estão ao nosso redor.
Todos os muros invisíveis da opressão devem ser destruídos. Pratique o respeito, sempre com coerência, é claro!